A Neoplasia ou Cancro da bexiga é o crescimento de tecido anormal (tumor) na bexiga, não sendo uma doença contagiosa. Um tumor que cresce em direção ao centro ou interior da bexiga sem crescer para o interior do tecido muscular da bexiga é não músculo-invasivo. Estes tumores são superficiais e representam geralmente uma fase inicial da doença. Este é o tipo mais comum de cancro da bexiga. Na maioria dos casos, estes tumores são tratáveis e raramente afetam outros órgãos, pelo que geralmente não são fatais.
À medida que o cancro cresce para o interior do músculo da bexiga e se propaga aos músculos adjacentes, passa a ser cancro da bexiga músculo-invasivo. Este tipo de cancro tem maior probabilidade de se propagar para outras partes do corpo (metastático) e é mais difícil de tratar, podendo, em alguns casos, ser fatal. Se o cancro da bexiga se propagar para outras partes do corpo, como os gânglios linfáticos ou outros órgãos, é designado de cancro da bexiga localmente avançado ou metastático. Nesta fase, a cura tem menor probabilidade, e o tratamento é muitas vezes multimodal, ou seja, baseado em varias modalidades terapêuticas.
O tratamento do cancro da bexiga baseia-se antes de mais, na avaliação do seu risco de recorrência e progressão. Este risco é determinado pelas suas características pessoais, o seu estádio e grau de doença, assim como o seu grupo de risco. O cancro da bexiga não músculo-invasivo é tratado pela remoção completa de todos os tumores visíveis com a RTU, seguida frequentemente pela lavagem da bexiga com medicamentos para prevenir o crescimento ou a propagação de células cancerígenas (quimioterapia intra-vesical). Para doentes com maior risco de recorrência, poderá ser utilizada quimioterapia ou imunoterapia adicional.
O pilar do tratamento do cancro da bexiga músculo-invasivo é a remoção cirúrgica da bexiga (cistectomia radical), seguida da construção de uma nova forma de armazenar e regular o fluxo de urina (derivação urinária). Os tratamentos com preservação da bexiga estão disponíveis para doentes que não são candidatos à cirurgia ou que não querem a cirurgia, mas têm efeitos secundários e requerem um elevado nível de colaboração do doente com o tratamento e seguimento.
Quais são os sinais/sintomas do cancro da bexiga?
Sangue na urina é o sintoma mais comum quando existe um tumor na bexiga.
Os tumores da bexiga muito frequentemente não causam dor na bexiga e raramente apresentam sintomas do trato urinário inferior como necessidade de urinar em maior número de vezes ou quaisquer outras alterações. Caso existam sinais e sintomas do trato urinário, como sangue na urina, micção dolorosa ou necessidade de urinar com mais frequência, poderá suspeitar-se de um tumor maligno, especialmente se o tratamento previamente efetuado não resolver o quadro clínico e por conseguinte os sintomas, devendo por isso consultar um Urologista.
A bexiga é o órgão que recolhe e armazena a urina produzida pelos rins. É um órgão elástico, composto por tecido muscular, que é sustentado pelos músculos do pavimento pélvico. A bexiga distende-se à medida que a urina produzida nos rins se acumula, antes de ser eliminada para o exterior do organismo através da uretra.
Vários fatores biológicos e substâncias prejudiciais podem aumentar o risco de desenvolver cancro da bexiga. Um risco maior não significa necessariamente que alguém venha a ter cancro. Por vezes, o cancro da bexiga desenvolve-se sem qualquer causa conhecida.
Uma vez que a presença de sangue na urina é o sinal/sintoma mais comum caso exista um tumor na bexiga, serão realizados testes à sua urina para procurar células cancerígenas e excluir outras possibilidades, como infeções do trato urinário, nomeadamente a citologia urinária e o exame microbiológico de urina (para despiste de infeção).
Para além da história clínica detalhada e de um minucioso exame objetivo, os exames complementares de diagnostico poderão ajudar a esclarecer o caso clínico e, em algumas situações, a estadiar o doente para iniciar o processo de tratamento. Alguns exemplos são: urografia por TC, ecografia abdominal, cistoscopia.
A tomografia computorizada, a ressonância magnética (RM), bem como uma combinação de tomografia por emissão de positrões (PET) e TC são cada vez mais utilizados em muitos centros para aumentar a capacidade de deteção e estadiamento parta determinados doentes com neoplasia da bexiga para os gânglios linfáticos ou outros órgãos, principalmente em locais difíceis, como os ossos.
A maioria dos exames de imagem é realizada a partir do exterior do corpo (não invasivos) e não doem. Alguns exames de imagem utilizam um agente de contraste, que é injetado numa veia e pode eventualmente causar uma reação alérgica, sendo facilmente ultrapassável. Os exames que implicam a introdução de instrumentos no corpo (invasivos) requerem anestesia local ou geral.
O estadio e o subtipo do tumor são determinados consoante o cancro esteja ou não limitado à bexiga (localização) e o grau em que o tumor invadiu a parede da bexiga. Esta informação é importante para determinar o risco de recorrência da doença.
Durante o exame do tecido ao microscópio (análise histológica), o patologista classificará os tumores de acordo com o seu potencial de crescimento (agressividade). Os tumores de alto grau são mais agressivos, e o tecido está bastante alterado em termos de aparência. Os tumores de baixo grau são menos agressivos, e a aparência do tecido está ligeiramente alterada.
Com base nas suas características pessoais, no estádio e no grau da doença, bem como em dados baseados no estudo de tabelas de risco de cancro da bexiga, será atribuído a um dos três grupos de risco — baixo, intermédio ou alto risco — com base no seu risco de recorrência e progressão. Esta estratificação de risco é utilizada para determinar as opções de tratamento que podem ser oferecidas e o seguimento que será necessário.
A RTU é a remoção cirúrgica de tumores da bexiga, sendo utilizada para retirar amostras de tecido para diagnóstico e, se apropriado, para tratar doenças não músculo-invasivas. A RTU é realizada pela inserção de um endoscópio na bexiga através da uretra, sem recurso a incisões, com o doente sob anestesia geral ou epidural. Geralmente, a RTU não demora mais de 1 hora e requer uma permanência hospitalar curta. Após a operação, em alguns casos, é colocado um cateter transuretral durante alguns dias. Esta cirurgia minimamente invasiva tem o intuito curativo em muitos casos de tumores/cancros da bexiga.