Uma infeção, duas infeções, três infeções… o terror das infeções urinarias de repetição! O Que fazer?
Quantas e quantas Doentes vejo em consulta que apenas se sentam e me dizem: “Estou farta! Sempre com infeções urinárias, já não sei o que fazer, o que tomar, o que não fazer, o que não tomar!”?
Muitas são as mulheres que, desesperadamente, andam de médico em médico, de análise em análise, de antibiótico em antibiótico, de infeção em infeção. Muitas vezes, este ciclo perpetua-se por dias, meses e, em alguns casos, anos. Só por esta simples introdução, é facilmente adivinhável o impacto na qualidade de vida de cada mulher.
Uma infeção urinária não é mais do que a consequência da colonização do aparelho urinário por bactérias uropatogénicas, podendo também, menos frequentemente, ser causada por outros agentes infeciosos como fungos ou mesmo micobactérias. Após a colonização e com a ativação de múltiplos processos locais e/ou à distância, instala-se o quadro clínico infecioso. Ora, a infeção urinária tem, geralmente, uma sintomatologia muito própria que, para a maioria destas doentes, padecem de infeções urinárias de repetição, o que faz com que seja facilmente conhecida.
Mediante a localização da infeção, temos uma sintomatologia associada, ou seja, as infeções urinárias baixas (uretra e bexiga) apresentam sintomas como disúria (dificuldade micional), frequência e urgência urinárias, ardor micional, jato enfraquecido com gotejo e noctúria (acordar para urinar), entre outros. Ao contrário das infeções urinárias altas (rins e ureteres), apresentam, muitas vezes, sintomas como febre e calafrios, lombalgia e mal-estar geral, por vezes acompanhado de náuseas e vómitos.
Associadas a estas infeções urinárias de repetição estão diversos mitos! A utilização de casas de banho públicas e o contágio durante a atividade sexual, entre outras, são por mim ouvidas inúmeras vezes durante as consultas. Na maioria das vezes, os doentes entendem estes comportamentos como comportamentos de risco e responsáveis pelo quadro clínico, ou seja, pela infeção urinária. Na verdade, pode existir uma relação temporal que, muitas vezes, precipita a relação causa/efeito. Por exemplo, ao nível das relações sexuais, muitas vezes, o facto da mulher desenvolver uma infeção urinária, não implica de modo algum que o parceiro estava infetado. Uma verdade simples que, para muitos doentes, pode constituir uma dúvida e, infelizmente, muitas vezes uma suspeita.
Existem múltiplos fatores que predispõe determinadas mulheres a terem infeções urinárias de repetição, sendo que determinadas mulheres conseguem identificar a relação sexual como o fator desencadeante para o início de muitas infeções. Tal facto, encontra-se frequentemente associado ao uso de espermicidas, associados ou não ao diafragma ou preservativo. A uretra feminina é curta, próxima da vulva e da região perianal, o que aumenta a probabilidade de infeção. A intensa colonização do introito vaginal e região periuretral por determinadas bactérias é crítica para o desenvolvimento da infeção. Ora, muitas vezes, estão potenciadas as condições locais para que se desenvolvam infeções. Para potenciar estes factos, estas doentes têm, muitas vezes, uma atrofia vaginal que se manifesta pela pouca lubrificação durante o ato sexual e constituindo um fator de risco para uma eventual infeção urinária.
Portanto, é imperioso que cada doente procure ajuda no seu Médico Assistente, pois existem medidas profiláticas medicamentosas e não medicamentosas que poderão prevenir o aparecimento de novas infeções urinárias e, por isso, resolver uma enorme dor de cabeça de muitas mulheres.
“A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.”
Confúcio